quarta-feira, 29 de abril de 2015

QUAL A RAZÃO DE ESTARMOS AQUI...



Quem algum dia não parou tudo o que estava fazendo e, olhando fixamente para o nada, indagou a si mesmo: "como eu vim parar aqui?". Mas ainda mais importante do que saber de onde viemos, é entender porque viemos...

Logo após nosso nascimento, começamos a esquecer a verdadeira razão de estarmos aqui. Até o final de nossa primeira infância, qualquer resquício que sobra em nosso inconsciente sobre vidas passadas, será completamente eliminado de nossa memória por nosso próprio consciente, que vai sendo alimentado por valores e conceitos impostos pela família e pela sociedade, de acordo com o que todos consideram ser certo ou errado. 

Essa é a trajetória da maioria das pessoas, até o fim dos nossos dias nesse mundo para onde viemos e onde por tanto tempo viveremos, sem entendermos ou lembrarmos a verdadeira razão de estarmos aqui. Aliás, muitos de nós, durante esta passagem longa ou curta, nem se preocuparão em parar para pensar no que realmente deveriam estar fazendo com suas vidas. Ao menos, até o último segundo antes de nossa partida.

Em um texto da série "Diálogo com o Mestre"Paulo Coelho escreveu: “O nosso coração sabe porque estamos aqui. Quem escutar o coração, seguir os sinais e viver sua Lenda Pessoal, vai entender que está participando de algo, mesmo que não compreenda racionalmente. Diz a tradição que, no segundo antes da nossa morte, a gente se dá conta da verdadeira razão da existência...".  

Ou seja, somente então, quem não escutar seu coração, ou seu inconsciente, obterá, talvez, as respostas para questões como:  

O que deveríamos ter valorizado mais durante nossa passagem pela Terra? Nossa posição social, nossas posses e bens? Ou nossos próprios desejos e sonhos, nossos inconscientes? 

O que deveríamos ter respeitado mais? Os valores, costumes e conceitos da sociedade, os os mais poderosos, os mais velhos e experientes, os mais ricos? Ou nossos próprios desejos e sonhos, nossos inconscientes?

O que deveríamos ter aprendido mais? A pedir ao invés de conquistar, a conseguir as coisas de maneira fácil, a passar a perna nos outros, a mentir, a fingir, a tirar proveito? Ou a batalhar sempre por nossos desejos e sonhos, escutando com mais atenção as vozes dos nossos inconscientes? 

O que deveríamos ter realizado mais? Os desejos de nossos pais, o plano de vida que a sociedade dita, o plano de carreira que alguém disse um dia ser bom para você ganhar mais dinheiro, ter um trabalho bom, progredir na hierarquia de uma grande empresa? Ou os nossos próprios sonhos e desejos, escutando com mais atenção as vozes dos nossos inconscientes? 

Carl Jung, psiquiatra e psicoterapeuta suíço que fundou a psicologia analítica, já dizia no inicio do século 20 que "sonhos são realizações de desejos ocultos e são ferramenta que busca equilíbrio pela compensação. É o meio de comunicação do inconsciente com o consciente."

2 comentários:

  1. Excelente reflexão Renato. Somos, na maior parte do tempo, surdos para a voz do coração.

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  2. Parabens pelo artigo...



    A inteligência deve ser encarada como uma doença e não como um privilégio do homem. Minha própria vontade de escrever sobre este assunto já deixa claro que também estou doente e os sintomas começam a se agudizar. Por mais atacado que esteja, sinto-me feliz por entender que o que me venderam até hoje como uma grande qualidade não passava de meu maior e mortal defeito. Essa constatação, longe de nos infelicitar dá uma enorme sensação de liberdade, de plácida impotência e de simples viver.
    Hoje, após toda uma existência valorizando a razão, e celebrando o desenvolvimento humano, constato a miopia contida nessa ótica, e dou asas ao espírito revisionista que toma conta da meia idade, sem no entanto aguçar as crises naturais de quem se pega em evidente erro de julgamento.

    Durante o processo de evolução da espécie, deve ter ocorrido algum tipo de mutação que desviou o homem de sua trajetória natural. A racionalidade nada mais é que uma doença, uma espécie de aids que ataca a todos os seres humanos e que os transforma em criaturas condenadas à consciência de sua existência fugaz e inexpressiva.

    A consciência e a inteligência forjaram uma civilização de animais infelizes, temerosos, neuróticos, tementes da morte, seres desprezíveis e incompetentes. Ao se tornar civilizado o homem, através de sua inteligência, construiu símbolos de sua própria degeneração, uma espécie de homenagem ao que fez desse ser o que ele é hoje, cheio de orgulho non-sense, repleto de racionalidade, mas desprovido de razão. Sofremos por que nos afastamos da natureza, essa sim a maior celebração da inconciência coletiva, da vida pela
    vida, sem por quês e até quandos, simplesmente vida.

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