Naquela
sexta-feira, após tomar o café da manhã, Jonas seguiu para o escritório, como
de rotina. Ao dobrar a esquina, observou um carro modelo Ibiza, não muito
antigo, parado em um cruzamento. Seu motorista estava com uma fisionomia
desesperada, tentando, de todas as formas, dar a partida no veículo, enquanto
uma fila de carros se formava atrás. Motoristas enfurecidos, buzinando sem
parar, proferiam ofensas múltiplas ao motorista do Ibiza.
Jonas
surpreendeu-se ao perceber que estava diminuindo os passos para analisar melhor
a situação. Espantou-se mais ainda quando seu inconsciente começou a trabalhar,
despertando nele uma indignação repugnante em relação às pessoas que nada faziam,
além de uma vontade incontrolável de ajudar o motorista desesperado. Jonas, sem
pensar nem mais um segundo, colocou sua pasta de lado e começou a empurrar o
Ibiza sozinho.
Ao
observá-lo pelo espelho retrovisor, o motorista abriu um largo sorriso. Virou a
direção no sentido da calçada para estacionar o veículo e liberar a passagem
para os estressados catalães, que nada mais faziam a não ser desferir seguidos
palavrões e insultos. Tudo foi muito rápido, mas para o motorista foi uma
eternidade, e para Jonas um momento único que mudaria, para sempre, sua vida...
O fato de Jonas tomar uma
decisão de impulso, e ajudar alguém que necessitava,
era uma exceção que fugia à regra. Ele ainda não entendia o que havia
acontecido, mas não se esquecia do sentimento de leveza, felicidade e satisfação
que experienciou durante o incidente. Foi um mix de sensações. Liberdade,
independência, segurança... Tudo proporcionado em questão de segundos. Tudo era
novo e ele sabia que não era mais o mesmo...
trecho da obra Jonas Dante-Vigo - lançamento em dezembro/2014