quinta-feira, 13 de novembro de 2014

VOCÊ TEM O DIREITO DE ERRAR

Quando pensava no que escrever para meu novo post, cheguei a conclusão que deveria falar sobre terceirização. Foi tiro e queda. Eu já sabia exatamente qual seria minha abordagem sobre o tema, para falar da dificuldade que muitos de nós têm em assumir nossas responsabilidades e as consequências de nossas atitudes. O que eu não contava era com a enorme dificuldade em colocar tudo no papel (ou melhor, na tela). Foram dias malsucedidos, tentando esboçar algo que me agradasse, até que finalmente encontrei a conexão que procurava, em duas músicas - uma que tocava incessantemente na minha cabeça e outra que costumo ouvir no carro.

Em Right to be wrong, Joss Stone expressa o direito que temos de errar. Em um dos versos, a cantora de soul inglesa praticamente susurra, com a bela voz que Deus lhe deu: “Meus erros me farão uma pessoa forte”. Em Tempo perdido, uma entre tantas músicas brilhantes da banda Legião Urbana, o poeta Renato Russo diz: “Todos os dias, antes de dormir, lembro e esqueço como foi o dia”. Não sei se você já enxergou a conexão ou se eu exagerei na dose de minha imaginação, mas para mim, os trechos destacados de cada uma das canções, de certa forma, se completam.

A começar pelo direito de errar. A sociedade muitas vezes nos impõe conceitos que carregamos sem questionar. Esses conceitos criam bloqueios que ficam gravados em nosso inconsciente. Desde nossa infância, nossos tempos de escola, convivemos com a ideia de que se errarmos, podemos virar motivo de chacota. Se todo mundo acerta, por que você vai errar? Esse bloqueio, que pode aumentar ou até mesmo ser eliminado ao longo de nossas vidas, nos priva de nossa verdadeira liberdade, provocando nas pessoas uma forte resistência em assumir erros. Mais difícil que assumir é aceitar que erramos e entender o porquê de tal ato falho.

Aí que entra o Tempo perdido. E se todos os dias, antes de dormir, lembrássemos como foi o dia? E se ao invés de esquecermos, pudéssemos analisar e identificar onde erramos, para aprendermos mais com nossos erros e nos tornarmos pessoas mais fortes? Não seria essa nossa missão na Terra – aprender com nossas limitações e evoluir?

Sei que a vida não é um mar de rosas. Já ouvi falar também que a vida é um grande aprendizado. E não é segredo pra ninguém que nem tudo sai como planejamos. Esquecemos de pegar aquela sacola antes de sair de casa. Perdemos a hora e chegamos atrasados na escola ou naquela reunião. Não conseguimos encontrar aquele tão desejado emprego. Fracassamos na incumbência que nos foi dada. Deixamos aquele amigo tão importante na mão. Somos escorraçados se deixamos um prato cair, entre tantos que precisamos carregar ao mesmo tempo. E o que fazemos? 

Aí que entra a terceirização. O termo em questão já é muito conhecido no meio empresarial. Terceirização nada mais é que a prática de repassar a terceiros uma atividade da empresa, seja esta na linha de produção, manutenção, nas áreas financeira, contábil, jurídica, marketing, operações, recursos humanos, entre outras. Hoje em dia, é muito comum que empresas de grande, médio, ou até mesmo pequeno porte, optem por terceirizar certas atividades, com o intuito de reduzir custos ou simplesmente para não terem o trabalho de recrutar, treinar e capacitar profissionais, para uma atividade que não tem a ver com o principal negócio da empresa.

Tem muita gente que, assim como as empresas, terceiriza tudo que possa ser mais complicado de encarar ou que possa custar mais caro de assumir, pelo menos aos seus próprios olhos. Terceirizam seus erros, suas culpas, suas lições. É muito mais fácil encontrar desculpas que soluções. Culpamos o telefone que tocou quando estávamos com a sacola na mão, quase fechando a porta de casa, o trânsito, a superproteção de nossos pais, nossos filhos, outros departamentos, ou até mesmo outro amigo. Somos fracos ao buscarmos nos outros a causa por nossos atos falhos ou por influências que nos induziram ao erro. E há quem ainda se julgue esperto.

Além de tudo isso, antes de dormir ainda terceirizamos nossos sonhos, pois é mais fácil também pedirmos a entidades maiores por aquilo que almejamos, do que fazermos nós mesmos. Será que nossos pedidos serão atendidos? Não seria mais fácil e mais digno buscarmos o que queremos com força e determinação? Simples assim. Se você quer, faça. Se precisar, recomece.

Em outro verso de sua música, Joss Stone diz que está em uma missão. Tal qual como ela, acredito também estar em uma missão e sei que tenho o direito de errar, ao longo do caminho. É minha escolha poder aprender com meus erros, aceitar minhas limitações, me manter positivo e buscar eu mesmo ir atrás daquilo que desejo. E todos os dias antes de dormir, poderei lembrar como foi o dia e pensar em como ser uma pessoa melhor, pedindo a entidades maiores que iluminem meu caminho e não ofusquem minha visão, para eu tomar minhas decisões da melhor maneira possível e me tornar tudo o que eu posso ser.

2 comentários:

  1. Como sempre Renato voce nos da uma aula de sensibilidade!!!
    Adorei...continue nos presenteando com seus pensamentos.
    Aguardo o proximo ansiosamente....
    Bjs

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  2. Errar,superar , aprender e recomeçar é assim que nós devemos levar a vida, é assim que se resume a vida

    Diz um velho ditado: “errar é humano, persistir no erro é burrice”. Concordo em gênero, número e grau que errar é humano. Discordo na mesma proporção de que é burrice, pois, como cobrar de alguém a capacidade de percepção do erro? E se tem essa percepção, como cobrar uma atitude? Talvez ela ainda não despertou a sua consciência para os reais e verdadeiros valores da vida, que nada mais são do que os Cristãos; talvez ela não tenha a força suficiente para isso.

    É humano errar porque estamos humanos em processo evolutivo e de depuração da alma. Somos espíritos criados para eternidade(1), mas, estamos vivendo em corpos que nos possibilitam essa evolução(2), a qual acontece prioritariamente através de erros e posteriores acertos.

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